Quantas pessoas já sofreram dores de cabeça mesmo depois do consumo moderado de vinho?
Provavelmente, muitos que estão lendo esta postagem já passaram por esta desagradável experiência...
O principal culpado por esta dor de cabeça tem nome e sobrenome: Anidrido Sulfuroso.
O Anidrido Sulfuroso é um produto usado como anti-séptico, anti-oxidante e conservante no vinho. Ele inibe a formação de microrganismos prejudiciais ao vinho e favorece a sua longevidade. Sua utilização é regulamentada por lei; na Itália, existe um limite de 160 mg/l para vinhos tintos e 210 mg/l para vinhos brancos e rose.
Não é simples determinar um índice aceitável, pois cada organismo reage a esta substância de forma distinta; entre os bons produtores há um consenso que o ideal é não ultrapassar 100 mg/l, mesmo a lei permitindo taxas mais elevadas.
A Organização Mundial de Saúde indica um índice mais conservador: eles consideram aceitável o consumo de, no máximo, 0,7 mg/l por quilo de peso corporal (isso significa que uma pessoa com 70 kg, não deve consumir mais de 49 mg/l de anidrido sulfuroso)!
Em 2003, acompanhei via publicações especializadas, o resultado dos testes da quantidade Anidrido Sulfuroso em 28 garrafas de vinho branco de diferentes produtores e diferentes países, realizado num renomado laboratório de análises químicas de Torino. O resultado foi interessante: todos estavam dentro da lei (menos de 210 mg/l), mas 60% das garrafas tinham mais de 100 mg/l. Alguns tinham taxas baixíssimas de 5 mg/l enquanto outros chegavam a 175 mg/l.
A Legislação Brasileira pede a identificação da presença de Anidrido Sulfuroso no contra rótulo dos vinhos, mas a informação da quantidade não é obrigatória.
Então, como se proteger?
Preste atenção, principalmente quando abrir uma garrafa de vinho branco, na presença de odores ocre e de enxofre, pois eles podem indicar excesso desta substância química.
Pesquise na Internet sobre os produtores; muitos expressam sua opinião sobre o assunto de forma bem clara.
Em caso de muita sensibilidade ao Anidrido Sulfuroso, opte por vinhos biológicos (no caso dos italianos, aqueles que tenham a garantia da AIAB - Associação Italiana por uma Agricultura Biológica).
Por fim, tome muito cuidado com vinhos de grande produção e muito baratos...
Curiosidade
Trabalhei com importação de vinhos durante alguns anos e sei que todo importador tem acesso a análise química dos vinhos trazidos para cá, pois a Legislação exige uma análise em laboratório autorizado no país de origem e outra antes da retirada dos vinhos da alfândega.
Lembro-me que muitos se preocupavam com as taxas de Anidrido Sulfuroso, entre eles o Produttori del Barbaresco e o Teo Costa. Encontrei recentemente num blog italiano informações sobre os progressos dos irmãos Roberto e Marco Costa, proprietários da vinícola Teo Costa, neste sentido. Eles explicavam que conseguem vinhos sem Anidrido Sulfuroso trabalhando cuidadosamente em todos os estágios do processo de produção e respeitando a natureza. Eles partem de uvas saudáveis, muito bem selecionadas e lavadas, mantêm a higiene da cantina, controlam o tempo e a temperatura durante todo o processo de fermentação, utilizam leveduras que não produzam sulfurosos, trabalham sempre com tonéis de aço e evitam contato com o oxigênio. Quando questionados sobre o resultado, eles garantiam: um vinho saudável que não dá dor de cabeça!
Saiba Mais
Existem pesquisas para encontrar alternativas para o Anidrido Sulfuroso no vinho. Uma delas usa a Quitosana (derivado da Quitina) como substituto.
O Anidrido Sulfuroso também é utilizado como conservante de alimentos e outras bebidas.
Links
AIAB: http://www.aiab.it/
Produtor Teo Costa: http://www.teocosta.it/
Autora: Adriana Grasso
Contato: adriana.grasso@uol.com.br
Marcadores: anidrido sulfuroso, branco, dor de Cabeça, quitosana, rose, teo costa, tinto, vinho
Nossa, incrível. Sempre adorei vinho mas sinto muita dor de cabeça no dia seguinte... Uma pena...
Estou com o rosto pegando fogo e tendo uma forte dor de cabeça depois de duas taças do Bolla Valpolicella 2005. Muito interessante o artigo, depois vou olhar o rótulo para verificar se há informação. Parabéns pelo blog.
O estado da rolha, antes de ser tirada da garrafa, é um indicativo do estado do vinho?
Ao tentar abrir o Bolla Valpolicella 2005 a rolha não saia de jeito algum. Só saiu depois que precionei o abridor contra a pia da cozinha. Em cima havia pontos verdes também.